"Minh'alma é triste como a voz do sino
Carpindo o morto sobre a laje fria;
E doce e grave qual no templo um hino,
Ou como a prece ao desmaiar de um dia.

Se passa um bote com as velas soltas,
Minh'ahna o segue n'amplidão dos mares;
E longas horas acompanha as voltas
Das andorinhas recortando os ares."

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Paradoxo do amor

Tudo contribuía para parecer um carnaval comum. Aliás, não seria comum porque de casa não sairia. Porém, quando estava em seu computador, ele sentiu uma vontade enorme de sair à noite. Fê-lo. Mal sabia ele que sua vida iria mudar completamente...
Naquela noite de terça-feira de carnaval, conheceu uma garota que, por coincidência, estudava na mesma escola que ele. Conheceram-se devido a um amigo em comum. Normal. Muita gente se conhece assim. Mas aquela troca de olhares fazia com que aquele encontro fosse diferente, mágico e inesquecível.
Mantiveram contato via internet e, pouco a pouco, surgia uma amizade muito forte entre os dois. Ninguém conseguia explicar como foi tão rápido. O assunto principal dos dois era as desilusões amorosas do passado... um falava o que sentia para o outro.
O tempo passou, começaram a ser uma vez por semana. Conversas, troca de cartas, olhares, abraços e carinhos fizeram os dois se apaixonarem. Poderia ser muito simples e acabar aqui, mas não foi assim que ocorreu.
Ela estava envolvida com outro e dizia que não sabia o que fazer. Insistia em dizer que gostava dele, mas não largava o outro. A cabeça do menino não sabia o que pensar... ele a amava e, ao mesmo tempo que acreditava ser recíproco, os fatos não contribuíam para isto. Dentre tantas idas e vindas dela com o outro, ele decidia ficar com ela, mas não dava tempo e os dois voltavam a namorar.
Porém, seis meses depois de tantas histórias e de promessas de amor, no dia do aniversário dele, consumaram a paixão que só aumentava a cada dia que ficavam separados. Foi o melhor dia da vida daquele menino. Começaram a namorar ali mesmo. Afinal, eles estavam tão felizes, tão felizes que esqueceram tudo que estava ao redor. A certeza de que iria durar para sempre - ou por um bom tempo pelo menos - tomava conta dos dois. E os sorrisos? Estes eram constantes naqueles rostos apaixonados. Era algo além da carne: um amor puro, de fazer os olhos brilharem.
Como em todo sonho, acordaram. Só que acordaram antes, muito antes do que imaginam. Dias depois, ela terminou da pior forma possível com ele: a que não é pessoalmente. Para ele, era o mundo que acabava. Ele não podia imaginar que, após tanta luta, tudo ia acabar daquela forma. Depois de ele se dar totalmente a ela, entregar, de presente, seu coração juntamente à chave, a decepção foi imensa. Foi tão imensa que ele não conseguiu se conter. Litros de lágrimas foram derramados... durante dias. Ele não aceitava de maneira nenhuma o fim do amor. Ele chegava à conclusão de que a pessoa que mais o faz sorrir é a que tem mais poder de fazê-lo chorar. Ele se via com ela depois de anos e anos e anos, mas isso não iria ocorrer.
Passou o tempo - muito tempo, aliás -, mas ele ainda não se via superando tudo aquilo. Era extremamente difícil para ele olhá-la todos os dias. Mas não há ferida que o tempo não cure. Pôs isto na cabeça e encarou-a com toda a sua força. A culpa de ter acabado o amor não era dela e a de sofrer não era dele. Superou.

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