"Minh'alma é triste como a voz do sino
Carpindo o morto sobre a laje fria;
E doce e grave qual no templo um hino,
Ou como a prece ao desmaiar de um dia.

Se passa um bote com as velas soltas,
Minh'ahna o segue n'amplidão dos mares;
E longas horas acompanha as voltas
Das andorinhas recortando os ares."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Decepção


Quando o ano-novo se aproxima, geralmente, as esperanças se renovam, os sonhos são alimentados por esta comemoração e há mais vontade de se viver. Porém, não acontece desta forma com todas as pessoas do mundo.
Em certo novembro, parecia que nada daria certo a um jovem estudante do ensino médio. Aparentemente forte e decidido, mal sabiam que, por dentro, existia uma pessoa despedaçada e extremamente necessitada de carinho e de atenção.
No decorrer do ano, acontecera diversas situações que, acumuladas, fizeram com que ele simplesmente não aguentasse mais. Ele tentou se matar. Tomou doses excessivas de remédios tarja preta... na verdade, não se sabe se ele queria apenas dormir por um tempo ou para sempre. Com isso, pôs em desespero todos que o rodeavam: mãe, pai, avô, avó, tio, tia, primo, prima, amigos, amigas... todos que o realmente amavam, por um momento, viram-se sem ele: algo que parecia assustador. Com duas idas ao hospital, lavagem estomacal e a decepção nítida no olhar dos pais, ele sobreviveu. Porém, não foi fácil. Por quê? Porque ele não possuiu apoio de onde ele mais esperava.
Decidido a mudar diante do fato da decepção com ele mesmo e com o apoio que não existira, fê-lo, mas não por muito tempo. A vontade de dar uma segunda chance ao "apoio" falou bem mais alto e assim se sucedeu. No começo, tudo flores, porém quem faz uma vez é capaz de fazer de novo. O menino sabia disto, mas seu coração não só estava falando mais alto que a razão: gritava, esbravejava e implorava para haver uma outra chance. Desperdiçada. O apoio novamente não chegou quando o menino mais precisava. E o que fazer agora quando ainda se tem vontade de dar outra chance? Infelizmente, não é possível porque o menino, nesta história, acabou saindo como culpado.
Mais uma vez, a decepção tomava conta de todo corpo do menino. Mágoa, rancor, ódio... nenhum sentimento bom parecia possível diante do erro de ter dado uma nova oportunidade. Mas acabou passando... a mágoa, o rancor e o ódio deram lugar à pena. Pena do "apoio" por ter desperdiçado a nova chance dada.
Infelizmente, não se pode esperar que as pessoas ajam da mesma forma que as outras. Por isso há decepção. Se não se valorizasse tanto, não haveria tanta tristeza quando algo ou alguém não correspondesse às expectativas. Não se deve desvalorizar; simplesmente deve haver uma maior valorização própria do que a destinada a outrem. Se fosse assim, provavelmente não haveria derramamento de tantas lágrimas por uma oportunidade dada e não aproveitada, por um plano desvalorizado, por não correspondência das expectativas, etc.
Caso isso não seja feito, resta apenas aprender a conviver com a decepção... À medida em que elas aumentam, menos você sofre por elas. Isto é fato.

Mas não se pode se esquecer, nunca, de que, não importa o que aconteça, sempre se pode voltar atrás e fazer melhor. Nunca desista. Muito menos se se tratar de sua linda vida...

Um comentário:

  1. Adorei, Lennon! Esse garoto tentou fazer uma coisa que eu nunca faria... :~
    (ainda estou curiosa para saber se o texto foi inspirado em fatos reais, hahaha)

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